Luis Otavio Santos nasceu em Juiz de Fora, MG, em 1972. Vindo de uma família de músicos – os fundadores do Centro Cultural Pró Música de Juiz de Fora – iniciou seus estudos musicais bem cedo, ao piano com 4 anos e ao violino com 7.
Nesta fase de formação foi aluno de Paulo Bosísio e Bernardo Bessler. Contudo, ainda adolescente e influenciado pelos seus irmãos, embrenhou-se pelo universo da Música Antiga – em especial o violino barroco, resultando na sua precoce mudança para a Holanda, aos 17anos, para se especializar no renomado Koniklijk Conservatorium de Haia.
Na Holanda estudou cravo com Jacques Ogg e violino barroco com Sigiswald Kuijken, obtendo o “Diploma de Solista” (master’s degree) em 1996.
Aos 18 anos já era um dos principais membros e solistas da “La Petite Bande”, orquestra barroca belga que desempenha um papel líder no movimento de música antiga, e com esse grupo realizaria turnês por muitos países da Europa, Japão, China, Mexico, Argentina, Colômbia, Chile e Brasil, bem como mais de 70 CDs e gravações para a televisão.
Sua reputação como virtuose do violino barroco ainda lhe rendeu a posição de líder em outros importantes ensembles europeus, tais como “Le Concert Français” (dir. Pierre Hantai), “ Ricercar Consort” (dir. Philippe Pierlot), “Nederlandse Bachverening” (dir. Gustav Leonhardt), “ Il Fondamento” (dir. Paul Dombrecht), e “ Complesso Barocco” (dir. Alan Curtis).
Paralelamente à atividade como intérprete, Luis Otavio teve uma forte atuação como professor na Europa, e lecionou violino barroco na “Scuola di Musica di Fiesole” em Florença de 1997 a 2001, e como assistente do maestro Kuijken no “ Conservatoire Royale de Musique de Bruxelles”, de 1998 a 2005. Em 2002 foi professor convidado na “ MusikHoheschule” de Leipzig, e por várias vezes membro da comissão julgadora dos Conservatórios de Lyon e Genebra.
Na sua discografia solo destacam-se a integral das Sonatas de J.S.Bach ao lado do cravista Peter Jan Belder em 1999, para o selo holandês Brillant, As Quatro Estações de Vivaldi com La Petite Bande em 2004, para o selo belga Accent,, e as Sonatas para violino de J.M.Leclair em 2005, para o selo alemão Ramee. Com este disco foi premiado com o prestigioso “ Diapason D’Or” na França e aclamado pela crítica internacional como umas das referências mundiais do violino barroco. Em 2012 lança novamente um CD dedicado a Leclair, com os Concertos para Violino op.7, acompanhado pela orquestra barroca belga “ Les Muffatti” (dir. Peter van Heyghen, também para o selo Ramee.
A careira na Europa nunca impediu Luis Otavio de atuar no Brasil e contribuir de forma decisiva na vida musical brasileira. Ao lado de sua família foi responsável, desde 1990, pela criação e realização do “ Festival Internacional de Música Colonial Brasileira de Música Antiga de Juiz de Fora”, considerado como um dos principais eventos de música antiga do país – um centro aglutinador de profissionais da área e disseminador de ideias e inspiração a outros eventos similares. Durante os seus ininterruptos 25 anos de atuação, o Festival de Juiz de Fora acumulou diversos prêmios nacionais – foi tombado pelo IPHAN como patrimônio histórico imaterial- , dezenas de Cds com obras inéditas do período colonial brasileiro, e 13 livros com publicações acadêmicas decorrentes dos Encontros de Musicologia Histórica, também realizados durante os Festivais.
Diretor artístico do Festival de JF desde 2000, Luis Otavio foi diretor da Orquestra Barroca do festival e acumulou uma importantíssima discografia, somando 15 CDs, com gravações inéditas no país de obras coloniais brasileiras e europeias ( suítes e cantatas de Bach, obras de Rameau, Rebel, Geminiani, Leclair, Vivaldi, e sinfonias de Haydn, Mozart e Beethoven).
Em 2007 Luis Otavio recebeu o título de comendador da “ Ordem do Mérito Cultural” do Ministério da Cultura, pela sua decisiva contribuição ao desenvolvimento das artes no Brasil, e em 2011 foi eleito pela revista “ Época” como um dos 100 brasileiros mais influentes daquele ano.
Em São Paulo, sua atual residência, fundou em 2007 e coordena o Núcleo de Música Antiga da EMESP – Escola de Música do Estado de São Paulo, o mais completo curso brasileiro dedicado aos instrumentos época.
Em 2011 obteve o Doutorado em Música pela UNICAMP, com a tese “ A Chave do Artesão: o paradoxo da relação mestre/aprendiz na moderna pedagogia do violino barroco” .
Atualmente Luis Otavio Santos tem sido muito requisitado como maestro convidado de orquestras brasileiras que se interessam na sua especialidade, como a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional de Brasilia, a Orquestra Sinfônica da USP, a Orquestra Filarmônica de Goiás e a Camerata Antiqua de Curitiba.
Luis Otavio Santos tem dois filhos: Mateus e Iasmin. Dentre todas sua realizações, são eles que lhe dão o maior orgulho de todos.